A Jornada das Bruxas, de Karina Heid | RESENHA
- L. S. Almeida
- 2 de jan. de 2019
- 5 min de leitura
Saudações Bruxos e Feiticeiros!
Preparados para a primeira resenha do Bruxa Literária?!
Nada melhor que começar com o pé direito, não é mesmo? (Afinal, começar com o pé esquerdo dá azar)
E para estrear esse projeto, apresento-lhes "A Jornada das Bruxas", uma obra de Karina Heid.
Escolhi esse título como resenha de estreia pois, além de ter um enredo fascinante, essa obra é a cara do Bruxa Literária!
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FICHA DO LIVRO
Título: A Jornada das Bruxas;
Autor(a): Karina Heid;
Plataforma: Wattpad (também está disponível na Amazon por um preço camarada!)
Avaliação: 4,5 caldeirões (de 0 a 10, equivalente à 9!)
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Nossa jornada inicia-se em Valparaiso, uma cidade pequena e que possui algumas peculiaridades climáticas. A protagonista, Nina Wolf, é uma adolescente ruiva que descende de uma família de bruxas. E, ao contrário do que imaginei, Nina busca livrar-se do fardo de quem ela é. Ela deseja ser uma garota normal e intitula-se como uma aberração acorrentada a uma família excêntrica.
O enredo começa a inclinar-se a um romance adolescente quando Nina conhece Alex em uma eventualidade um tanto... incomum, em meio a uma pequena explosão que atrapalhou um gesto romântico. Mas aparentemente, o universo começa a conspirar contra o pseudo-casal, mas não é só o universo que coloca o nariz no meio dessa união; há uma força muito maior que implica com ambos.
No primeiro capítulo já podemos nos deparar com uma carta endereçada a Nina, — mas que foi estranhamente escrita e enviada antes mesmo da garota nascer. A remetente era Parascheva, uma bruxa que morava na boa e velha Romênia.
Com o andamento da trama, muitas coisas estranhas acontecem. Objetos eletrônicos enlouquecem, luzes verdes e estranhas dançam no céu, chuvas enfurecidas castigam a terra... Enfim! A natureza (e sua criadora) parecem querer transmitir algo.
Além de tal pandemônio, Martin Kuhn, um perseguidor do governo de comportamentos estranhos da natureza passa a mirar toda sua atenção na família Wolf.
Em meio a perseguições, explosões de raios e ataques de uma matilha de lobos, Nina parte — por falta de opção — para a Jornada da Donzela, uma velha e esquecida tradição das bruxas.
Em uma mudança de cenário, partimos da pequena e bem arborizada Valparaiso e somos jogados e abandonados — juntamente à protagonista — em uma velha cabana entre árvores, com a velha e ranzinza Parascheva.
A princípio, Parascheva aparenta ser aquele velho esteriótipo de uma bruxa velha, com uma verruga no nariz e fios de cabelos brancos em uma desordem grotesca. Na personalidade, a velha Parascheva demonstra ser a definição exata de uma ranzinza indomada, com seu mal-humor constante e indelicadeza a nível incômodo. No entanto, com o desenrolar da trama, Parascheva demonstra ser muito mais que um esteriótipo. Toda a sua carranca e personalidade grotesca passa a emanar uma energia boa, destacando-se, na minha opinião, como melhor personagem da obra.
Há uma desconstrução da imagem estereotipada das bruxas, algo que me capturou e rompeu muitos dos meus preconceitos. Bruxas vão além de feitiços e personalidades maquiavélicas. Bruxas são filhas da terra, são uma ramificação da natureza em forma humana, são seres esplêndidos! E isso se reflete em Parascheva e Nina.
A personagem principal demonstra também ter as suas fraquezas e vacilos, como bruxa ela era incrédula, deixava muito a desejar. Porém, como em qualquer jornada, você jamais voltará o mesmo de quando partiu. Nina Wolf aprende a abraçar sua natureza e tudo o que ela tem a ensinar e a oferecer. Ela está longe de ser um exemplar de pessoa perfeita, Nina possui suas fragilidades e estupidez. A jovem bruxa estava agarrada a seus problemas insignificantes de garota do ambiente urbano, quando deveria dar mais atenção aos gritos de socorro do planeta e dos seres que o habitam.
Muitos assuntos importantes são abordados em "A Jornada das Bruxas", como a relação de criatura e criador, a decadência dos homens no aspecto de contato com a natureza, a relação entre humanos e animais (e como temos uma necessidade vergonhosa de assimilar a existência de animais com sua utilidade, algo que não é abordado com muita frequência na literatura juvenil ) e a imagem da divindade perante os homens.
"A Jornada das Bruxas" mudou totalmente o meu modo de ver as coisas, principalmente a natureza. O quanto somos ligados aos lobos e à terra que acomoda-se sob nossos pés. Todos deveriam render um pouco de seu tempo para essa obra incrível e que tem tanto a nos oferecer e ensinar.
Karina Heid desenvolve a obra com maestria, adicionando referências com um toque de humor (como a cena de Parascheva contando como foi a base para a criação da bruxa da animação da Walt Disney "A Branca de Neve"). Heid, através de sua obra, nos diverte, emociona, conscientiza e faz nos apaixonar pela natureza, pelos animais e, principalmente, pelas bruxas!
"A Jornada das Bruxas" tem alguns pontos fracos — como a demora para o enredo alavancar na partida de Nina (o que julgo ser essencial, já que todos os eventos que antecedem a jornada eram indispensáveis) e o modo como a obra finalizou (achei um fim um pouco súbito. Entendo o fato da autora dar a entender que haverá um segundo volume, mas eu me senti um pouco desconfortável com o final, parece que ficou uma lacuna gigante ali. Tive a impressão de que haveria mais um parágrafo, ou pelo menos um epílogo. Lembrando que eu amei o final, só me senti desconfortável com a forma de encerramento da obra.) — Mas apesar de seus pontos fracos, a obra de Karina Heid possui raríssimos erros de grafia das palavras (como esquecer um "s" aqui ou ali) e é muito bem escrita, com uma linguagem simples, mas que preenche o coração do leitor que gosta de narrações rebuscadas. A construção dos personagens foi muito bem feita (principalmente a de Parascheva e Nina), assim como os cenários, a representação das bruxas, de suas habilidades e relação com a natureza.
As cenas como a conquista da comunicação com as árvores, as visões acerca de Erin e o confronto de Nina com a Grande Mãe foram os pontos altos da obra, mas cada cena teve a sua importância e conquistou o meu fascínio (principalmente a cena da cabra de Parascheva dando a luz a seus filhotes, no capítulo "O lado bom do monstro" e tudo o que ela representa).
"A Jornada das Bruxas" é uma obra fascinante com uma aura mágica e incrível! Ela merece o mundo, embora o mundo demonstre não merecê-la.
Convido-os a entrarem de cabeça nessa jornada peregrinal e descobrir o quanto somos próximos da terra, das árvores, do lobo e da própria Grande Mãe!
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QUOTES DA OBRA













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FOTOS AUTORAIS





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MAIS OBRAS DA AUTORA (links)
https://www.wattpad.com/story/31421462-a-jornada-das-bruxas
https://www.amazon.com.br/Jornada-das-Bruxas-Karina-Heid-ebook/dp/B01M0MJ32F (A Jornada das Bruxas na versão e-book, por apenas R$ 9,90)
https://www.wattpad.com/story/79617325-a-morte-e-a-donzela
https://www.amazon.com.br/%C3%9Altima-Pe%C3%A7a-Karina-Heid-ebook/dp/B01EBMG84E/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1546475662&sr=1-1&keywords=A+%C3%9Altima+Pe%C3%A7a
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Por hoje é só, bruxos e feiticeiros! O que acharam da resenha? Não se esqueçam de dar um feedback por aqui e pelo bookstagram (@bruxaliteraria)!
Um beijinho verde,
L. S. Almeida, a Bruxa Literária.
Um viva à natureza e todos os seres que a ela pertencem!
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