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Os Últimos de Gaia, de Gabriel Yukio Goto | RESENHA

  • Foto do escritor: L. S. Almeida
    L. S. Almeida
  • 25 de mai. de 2019
  • 5 min de leitura

Saudações, bruxos e feiticeiros! 

A resenha de hoje será de uma obra que deu seus primeiros passos na plataforma digital Wattpad e que atualmente faz parte do catálogo da editora PenDragon, com direito a versão digital (Amazon) e física! Estou falando de "Os Últimos de Gaia", de Gabriel Yukio Goto!


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FICHA DO LIVRO


Título: Os Últimos de Gaia

Autor: Gabriel Yukio Goto;

Plataforma: Amazon (Kindle);

Editora: PenDragon;

Avaliação: 5 caldeirões!


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Inicialmente, nos deparamos com o futuro do que chamamos de planeta Terra. Nomeado Gaia em um futuro distante, conhecemos uma versão pós-apocalíptica do mundo ao qual estamos acostumados. Com o tremendo salto no tempo, não só o nome e o estado do planeta mudou, como também a localização dos humanos na cadeia alimentar. Assumindo a posição da humanidade como predadores, insetos gigantes passam a ser um dos motivos para uma parcela do que sobrou da raça humana esconder-se em abrigos sob o solo castigado por guerras terríveis e sangrentas. 

Liderando um grupo decadente de humanos está Berenge, um sobrevivente forte e que descobre na convivência em grupo que é possível encontrar vida mesmo diante de ameaças como insetos predadores, humanos canibais corrompidos e escassez de alimento. 

A vida em grupo trouxe um presente ao líder: Eleanor, mulher pela qual Berenge descobriu o amor e toda a influência que esse sentimento tinha sobre ele. 

A partir deste sentimento, nasce um fruto de Gaia, um menino: Otto. E com a sua vinda a um mundo de extrema dor, a obra ganha nuances místicas e cruéis.

"Os Últimos de Gaia" é uma distopia que tem por objetivo alcançar um ideal, um mundo utópico, que neste caso é Animália. A obra é divida em memórias e por lidar com viagens no tempo e flaskbacks, a narrativa não segue uma linha cronológica perfeita, alternando entre o passado, presente e futuro em diversos momentos da trama. Essa forma de narrativa é arriscada, devido a possibilidade do autor se perder nos saltos temporais. No entanto, Gabriel Yukio Goto constrói o texto de forma coerente e conexa com todos os acontecimentos. Eles entrelaçam-se, de forma que você passa a ver o universo e personagens de outra forma, com muito mais profundidade. 

Algo que se destaca em "Os Últimos de Gaia" é o fato da trama ter muitos elementos e conceitos místicos criados pelo autor, mas ao mesmo tempo consegue ser bem intrínseco à realidade. Tão intrínseco que vemos a nós mesmos e pessoas que conhecemos nos acontecimentos relatados e personagens. 

Como obra, "Os Últimos de Gaia" mostra o quanto de trevas nossas essências carregam. A violência e a maldade nada mais são que as partes mais obscuras enterradas em nosso íntimo — presente também em nossos instintos —, que tentamos mascarar para manter a ordem em prol da vida em sociedade. Em alguns casos, a violência se reflete nas pessoas ao nosso redor na forma de preconceitos e guerras; em outros casos, a carregamos de forma velada, em nosso âmago, arquitetando o momento certo de expor quem somos de verdade e machucar quem preciso for. Também há aqueles que carregam a obscuridade consigo, mas cala a mesma com o amor que dá e recebe. Pessoas assim tentam florescer e lutam para converter as trevas em luz. Mas que potencial teria uma flor diante da lâmina cruel de um machado? "Os Últimos de Gaia" é sobre isso. É a luta constante do amor contra o veneno da maldade que há no mundo, que há em nós. A obra, mesmo com ares de pessimismo, demonstra que mesmo diante de tanta violência, o amor sempre irá lutar, independentemente de ganhar ou perder. Como também demonstra que, por mais que nos esforçamos para manter o bem a frente de qualquer má conduta, o lado primitivo da sobrevivência a qualquer custo fala mais alto.

Pensar sobre isso me faz refletir sobre uma das faixas do memorável álbum da banda Pink Floyd, "The Dark Side Of The Moon". Analisando a obra de Gabriel Goto e a canção "Eclipse", cheguei a esta conclusão:

Nos últimos instantes da música, antes da mesma finalizar o álbum com a reprodução das batidas de um coração, podemos ouvir alguém dizer:

“There is no dark side of the moon, really

Matter of fact it's all dark”

Traduzindo para o português: "Não há um lado escuro da lua, na verdade ela é toda escura". 

Trazendo essa mensagem para "Os Últimos de Gaia", toda bondade, bom senso ou benevolência que se reflete em nossas ações, nada mais são que a luz de uma moralidade construída ao longo da história da humanidade. Somos como a lua. Sob a luz do sol fornecemos luz em meio às trevas que nos rodeiam — ou seja, amamos, nos doamos, demonstramos empatia e ignoramos os instintos que permeiam nossos pensamentos. Lutamos contra a violência que nós mesmos carregamos e ajudamos uns aos outros, nos unimos como espécie (pelo menos é o que demanda os princípios morais que regem grande parte da humanidade, embora tudo esteja desandando como um sorvete sob o sol do meio-dia). No entanto, sem toda bagagem moral, sem a mentalidade de valorizar as minorias, de respeitar o próximo e de desfazer preconceitos, voltamos a ser verdadeiros selvagens indomáveis. Nos tornamos seres cruéis, sanguinários e egoístas. Sem a luz da moralidade, das regras de convivência e sem amor, revelamos nossos instintos. Mostramos que, como a lua, não existe apenas um lado escuro, como somos totalmente feitos de trevas, violência, dor e insanidade.

É indispensável dizer a mensagem que 2019 traz consigo. Com tantas tragédias que assolaram nosso país nesses primeiros funestos meses, o potencial para maldade do ser humano tem ganhado cada vez mais espaço nas manchetes e na boca do povo brasileiro. "Os Últimos de Gaia" define o momento de tensão que vivemos atualmente. Com tantas notícias terríveis, com tantas mulheres sendo mortas e estupradas diariamente e com tantas pessoas quebradas por dentro levando outras ao abismo, podemos ver o amor, a benevolência e a empatia contorcendo-se em um mar de sangue, lutando para continuar ecoando em nossos corações.

A obra de Gabriel Goto é um crítica social de excelência. O autor, com sua escrita cruel, visceral e impactante comenta sobre vários assuntos que mexem com nossas entranhas, como violência sexual, crenças, religiosidade, questões existenciais, guerras e preconceitos, além de nos abrir portas para um mundo marcado para findar, um projeto falido, um verdadeiro cemitério de esperanças...

Com sua abordagem crua, somos direcionados a um fim inesperado e digno de reflexão. Uma obra com muitas nuances, conceitos místicos, personagens bem construídos e cenários improváveis, indispensável para quem curte um enredo repleto de criatividade e originalidade. 

Para finalizar, lhe convido a acomodar-se em algum lugar onde reina o silêncio e deixar que os últimos de Gaia revelem suas histórias, que são tão deles quanto nossas.


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QUOTES


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FOTOS AUTORAIS


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OBRAS DE GABRIEL YUKIO GOTO


♦ Perfil do autor no Wattpad: https://www.wattpad.com/user/thevainpoetry


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O que acharam da resenha? Não deixem de dar um feedback e conferir a obra resenhada para tirarem suas próprias conclusões! ;)

Um beijinho verde,

L. S. Almeida, a Bruxa Literária.

Um viva à natureza e todos os seres que a ela pertencem!


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