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As Cinzas de Altivez, de Juliana Feliz | RESENHA

  • Foto do escritor: L. S. Almeida
    L. S. Almeida
  • 4 de jan. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 6 de jan. de 2019

Saudações, bruxos e feiticeiros!

A resenha de hoje é de uma obra vencedora de The Wattys 2018, da categoria Heróis! A autora é talentosíssima e esse é o seu primeiro romance.

Estou falando de "As Cinzas de Altivez" de Juliana Feliz.


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FICHA DO LIVRO


Título: As Cinzas de Altivez;

Autor(a): Juliana Feliz;

Editora: Independente;

Avaliação: Cinco cadeirões (de 0 a 10, equivalente à 10!)


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Nas primeiras páginas já somos transportados para Ordália, um mundo governado pela Ordem de Verus. De início, a obra tem uma atmosfera inocente, mas com resquícios de um clima tenso que perdura e se alastra de acordo com o andamento da trama.

O mundo de Ordália é envolto pela censura, machismo, extremo conservadorismo e uma crença completamento opressora. E em meio à tanta privação e alienação, conhecemos Ariadne Ventura, uma garota forte, de olhos peculiares e muito questionadora, que vive em Miraluz, um vilarejo cercado de bruma, onde o potencial do sol é reduzido drasticamente. Seu espírito livre e indagador incomoda a todos ao seu redor, inclusive a própria Ordem de Verus, que não aceita questionamentos a respeito dos ensinamentos do Ordalium, O Livro Intocável. O Ordalium é uma espécie de livro sagrado que é usado como ditador das leis em Ordália.

Aos dezenove anos, os jovens de toda Ordália devem seguir o destino que condiz ao seu gênero — meninas devem se casar, já os meninos possuem a opção de estudar, servir às milícias ou à Ordem de Verus. Ou seja, nesta sociedade (que está tão tangível à realidade de muitos povos — inclusive aos grupos Amish e Menonitas, povos que serviram como fonte de inspiração para a construção de Ordália e Miraluz) as mulheres só devem dedicar-se ao marido, aos afazeres domésticos, calar-se e deixarem os homens controlarem a tudo e todos. Mas Ariadne era livre demais para se encaixar nos grilhões de tal padrão.

A idade de se casar havia chegado para Ariadne Ventura e ela já tinha um (indesejado) pretendente, seu primo Eduardo. Mas a aventurada (como é nomeada na obra) quer traçar seu próprio destino, deseja ir para a Universidade de Alambra (assim como Eduardo), obter uma formação e extrair conhecimento. No entanto, ser uma mulher lhe tirava o direto de ter o tão desejado Nível Superior.

Sua característica questionadora atraiu a atenção de um professor do Educandário Lucidez, Richard Expósito, um homem com intenções e caráter questionáveis. Um professor que mudará a jornada e o destino de Ariadne Ventura para sempre.

A obra como um todo possui uma atmosfera muito própria, algo que já podemos sentir nas primeiras páginas. Possui uma identidade única, o que é admirável.

Conforme a trama se desenvolve, mais mistérios aparecem e o mundo de Ordália abre-se diante de nossos olhos. Conhecemos o memorável Klaus, a forte Sofia e, finalmente, Altivez — que foi lançado no enredo como parte dos "devaneios" da aventurada.

Altivez era um nome que perseguia a garota, que em uma de suas visões com uma diáfana, a palavra deixa um ponto de interrogação enorme na menina de olhos controversos.

Quanto mais avançava no mundo de "As Cinzas de Altivez", meu fascínio pela obra se alastrava. A atmosfera, os cenários, os costumes, as vestimentas... Tudo muito bem trabalhado com pinceladas de originalidade.

Os pontos altos da obra, na minha modesta opinião, são:

1. A cena pela qual Athos e Ariadne entram em contato — pela primeira vez — com as sirenas aladas (que seres incríveis!);

2. O momento em que o significado do título fica claro para o leitor;

3.O levante de questionamentos acerca da mão da sentença;

4. O clímax da obra, que encaminha o leitor para o desfecho;

5. E, por fim, a revelação que há no último parágrafo da obra.

As cenas de morte em "As Cinzas de Altivez" são muito bem feitas e escritas, todas elas; uma delas, que devo ressaltar, acarretou em indagações sobre o Livro Intocável. Essa cena marca o enredo, escancarando o descaso com as pobres almas que cercam Ariadne. Uma cena com resquícios de lugubridade e melancolia. Uma cena que uniu corações em prol de uma causa e deu imensa força à resistência, que já tomava contornos.

Outras cenas que merecem destaque são as da diáfana com Ariadne, em visões. São incríveis e, como tudo nesta obra, muito bem escritas.

A arquitetação dos personagens é impecável, cada um com seus traumas e motivações. Ariadne se destaca não só por ser a protagonista, como também por ser uma garota forte, de caráter único, guerreira e destemida. Outro personagem digno de atenção é Klaus, um homem de bom coração e que desempenha o seu papel fielmente. Évora também se destaca no elenco, como uma mulher brilhante, sábia e muito forte.

"As Cinzas de Altivez", além de ser uma aventura eletrizante com resquícios místicos e misteriosos, é uma excelente crítica social, abordando vários assuntos importantíssimos. Na obra nos deparamos com o machismo — algo muito evidente do início ao fim, onde os homens de Ordália são doutrinados a terem uma mentalidade doentia e tóxica —, feminismo e o papel da mulher na sociedade (Ariadne Ventura representando maravilhosamente bem as mulheres, com seus feitos destemidos e questionamentos), sistema de governo opressor e que impõe a desigualdade de gênero, o extremo conservadorismo e seus perigos, abuso de poder (com pinceladas de pedofilia por parte dos que possuem poder em Ordália), censura à toda forma de expressão, seja no jornalismo ou na arte, a imposição do medo através de uma crença (Ordalium e a mão da sentença, que além de tudo regem e controlam toda Ordália), Alienação e lavagem cerebral... Enfim! "As Cinzas de Altivez" demonstra ser uma leitura de suma importância para nações que caminham diretamente para o abismo da ditadura; para países onde milhares de mulheres são mortas e estupradas diariamente; para povos reinados pela alienação e religiosidade excessiva; para o mundo do amanhã.

Outro fato que desejo salientar é a forma como Juliana Feliz conduz e narra a obra. A atora possui um jeito único de usar as palavras, trazendo originalidade e uma aura fantástica para o enredo. Os fatos e acontecimentos são muito bem relatados e estruturados. "As Cinzas de Altivez" é uma obra completa e que merece ganhar não só o Brasil, mas o mundo.

A edição física da obra é lindíssima, de capa dura com efeito fosco, uma mapa incrível de Ordália, folhas com uma textura e coloração confortáveis, fontes em um tamanho excelente para qualquer tipo de leitor e fotografias lindas. Além do fato dos capítulos serem pequenos — o que gera conforto e prazer ao leitor — o enredo é eletrizante e te prende em correntes do início ao fim.

A capa da obra de Juliana Feliz diz muito sobre a enredo e Ariadne, que ao contrário das outras meninas que seguem em frente pelas escadas dos andares da torre sem olhar para os lados (como cavalos com cabrestos), podemos ver a representação da aventurada espreitando um ponto além no horizonte incerto.

O final de "As Cinzas de Altivez" é muito bom, com um encerramento que vai do clímax e progride aos poucos a um final satisfatório, deixando uma revelação intrigante no ar. A autora já anunciou que esse é o primeiro volume da saga, e por essa razão, algumas indagações perduram no ar. Para o segundo volume, espero maior foco nos personagens secundários, afinal, creio que eles tem muito a oferecer para a estória. Não vejo a hora da continuação ser lançada, essa saga promete!

Se você gosta de uma aventura eletrizante, com uma dose de fantasia, mistério e suspense, com personagens memoráveis e um universo brilhante, então não perca tempo e mergulhe nesse mundo incrível e repleto de perigos.


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QUOTES DA OBRA









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FOTOS AUTORAIS













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LINKS IMPORTANTES


https://www.wattpad.com/story/154193600-as-cinzas-de-altivez ("As Cinzas de Altivez" está disponível e completo no wattpad!)

https://www.wattpad.com/user/jufeliz (user da Juliana no Wattpad)

https://www.amazon.com.br/As-cinzas-Altivez-Juliana-Feliz-ebook/dp/B07FJM59R2 (As Cinzas de Altivez na Amazon por apenas R$ 4,99 ou gratuito no Kindle Unlimited)

http://www.ascinzasdealtivez.com.br/ (site oficial de As Cinzas de Altivez)

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Bem, por hoje é só, meus bruxinhos e feiticeiros! O que acharam da segunda resenha do blog? Não tenham medo de dar um feedback, é muito importante para a continuidade do Bruxa Literária.


Um beijinho verde,

L. S. Almeida, a Bruxa Literária.

Um viva à natureza e todos os seres que a ela pertencem!

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